Navegante

Navego em uma brisa suave
Que me leva para perto de ti.
Em um instante estou diante do teu corpo
Contemplando o teu sono, silenciosamente.
Navego sobre você suavemente
Deslizo nas tuas formas brutas
Encosto a minha pele na tua
sinto os teus pelos encostando nos meus.
Navego no perfume que exala da tua pele
no calor do teu corpo
no suor que sai dos teus poros
no cheiro que ele tem.
Navego no toque quente dos teus lábios
que me unem a ti
na tua respiração ofegante
próximo ao meu ouvido
Na tua língua que me invade sem pedir licença.
Navego pelos teus músculos fortes
 que me apertam contra o seu peito
e me fazem sentir em seus braços
a paz que pretendo seguir.
Navego nas tuas mãos firmes
que seguram a minha cintura
com a pressão de um comando
me conduzindo ao prazer.
Navego-te em mim suavemente
Com a cadência de uma dama,
 com a destreza de uma mulher
e a malemolência de uma menina.
Navego pelos minutos que passam
E carregam o peso da felicidade
De cada momento que estou ao seu lado.
Navego de volta em minhas lembranças
Desperto dos sonhos dos desejos mais sinceros
E descubro, infeliz, que você não está comigo.

Nunca me disseram



Nunca me disseram que a saudade doía tanto
E que dessa dor procede a inspiração dos poetas.
Que do sofrimento nascem os versos sinceros
que narravam as mais belas histórias de amor.

Nunca me disseram que o querer é somente uma vontade
E como tal nem sempre pode ser saciada.
E mesmo assim o desejo permanece latente
No peito e na mente de quem o sente.

Nunca me disseram que é nas diferenças que se encontra
O verdadeiro sentido para querer estar perto
Compartilhando as dores e as alegrias
Que fazem da vida uma experiência completa.

Nunca me disseram que o amor aparece de repente
E te envolve de tal forma que é impossível escapar
Que na verdade só se ama o que se sente
E que não existe melhor maneira de se encontrar.

Nunca me disseram que é no outro que me torno eu
Nunca me disseram é em você que me encontro
Nunca me disseram que é você que eu quero
Nunca me disseram que é você que eu amo.


Maria de Beauté

Canteiros


Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração.

Fagner / sobre poema de Cecília Meireles

Amor Proibido


Um dia
Uma música
Uma lembrança
E um verso....

 “Sabes que vou partir
Com os olhos rasos d'água
E o coração ferido”     
Cartola

Palavras não falam


Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente são só palavras
Por mais que eu me mate são só palavras

Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente são só palavras
Por mais que eu me mate são só palavras

Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente são só palavras
Por mais que eu me mate são só palavras

Só palavras
Só palavras...

Mariana Aydar

Ela é Maria


Ela é encanto
em música, sorriso, jeito e olhar.
Ela tem a destreza de quem sabe amar.
Ela é dança, ritmo e sensualidade,
ela é compasso e musicalidade.

Ela é beleza
Pura e harmoniosa.
Ela é poesia e um pouco de prosa.
É inspiração e loucura
Ela é desejo e doçura.

É o amor cantado em verso
É a tristeza esquecida
É alegria comemorada
É a euforia esvaída

Ela é samba em todo o seu gingado
de pernas, músculos, quadris e laços.
É malandragem em fino trato,
é carnaval de passarela,
é folia de rua
é fantasia
é ela.

Não existe tristeza no seu coração
Não existe mistério que não abra mão
Ela é natureza e simplicidade
Ela é uma Maria de verdade.

Maria de Beauté

O que é o amor?


Se perguntar o que é o amor pra mim
Não sei responder
Não sei explicar
Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer
Me fez despertar
Me disseram uma vez
Que o danado do amor
Pode ser fatal
Dor sem ter remédio pra curar
Me disseram também
Que o amor faz bem
E que vence o mal
E até hoje ninguém conseguiu definir
O que é o amor
Quando a gente ama, brilha mais que o sol
É muita luz
É emoção
O amor
Quando a gente ama, é um clarão do luar
Que vem abençoar
O nosso amor

Arlindo Cruz - Maria Rita

Só não me peça pra falar de amor


Posso te falar de muitas coisas
Coisas banais, coisas sem sentido,
Coisas supérfluas e até indispensáveis.

Posso te falar de pessoas
Pessoas importantes, pessoas estranhas
Pessoas interessantes e outras nem tanto.

Posso te falar de coisas personificadas
Pessoas coisificadas
coisas inesquecíveis e
pessoas lembradas.
Só não me peça pra falar de amor, porque disso eu não sei nada.

Posso te falar dos desejos humanos,
seus anseios e suas frustrações.
Suas vantagens e complicações,
suas conquistas e suas tristes derrotas.

Posso te falar de obsessões e de desinteresses,
de sofrimentos e de alegrias.
De riquezas e de miséria
de falta e de completude.
Só não me peça pra falar de amor, porque disso eu não sei nada.

Posso te falar de verdades,
mas também de muitas mentiras.
De ilusões e de decepções
de fatos e montagens
de realidades e de construções
Só não me peça pra falar de amor, porque disso eu não sei nada.

Posso de falar de todas as artes:
música, pintura, cinema, literatura.
Posso te contar o segredo de Monalisa,
identificar as musas de Modigliani.
Posso decifrar os sonhos de Dali,
dessacralizar os feitos de Michelangelo,
apreciar a loucura dolorida de Kahlo e Van Gogh.

Ainda posso cantarolar todas as letras de Chico
buscar interpretações para os hermanos.
Posso dançar um bom velho samba.
Chorar com as vozes de Elis, Rita, Marisa e Céu.

Com toda força do meu peito posso explodir ao som do rock
De Pink Floyd, Gun’s e Skank.
Posso me indignar com as letras de o Rappa
e refletir com elas.

Se você preferir, meu caro
Posso ouvir e até mesmo comentar as composições de Mozart,
Beethoven, Chopin, Bach, Brahms, Strauss, Villa Lobos e Vivaldi.
de tudo isso eu posso falar.
Só não me peça pra cantar o amor, porque disso eu não sei nada.

Posso até te falar de clássicos
De Coppola, Kubrick, Hitchcocok , Tarantino,
Almodóvar, Wood Allen, Polanski e Glauber Rocha.
Podemos criticar os roteiros, os cortes e a fotografia.
Elogiar as tomadas, as sequências e as surpresas da trama.
Mas não me peça para filmar o amor, porque disso eu não sei nada.

Posso analisar as personagens machadianas.
Emocionar-me com os versos de Drummond,
diferenciar cada personalidade de Pessoa,
identificar cada nuance de Clarice.
Criticar as invenções dos modernos
e a falta de substrato dos contemporâneos
Só não me peça pra escrever o amor, porque disso eu não sei nada.

Posso te contar mil aventuras,
descrever a beleza de muitos lugares.
Fazer-te viajar em seus encantos
E te encantar nessas viagens
Mas não me peça pra descrever o amor, porque disso eu não sei nada.

Eu até posso aqui filosofar
Falar-te de todas as ausências da humanidade
e de sua mais sincera vitória.
Teorizar todos os filósofos
E encontrar falhas em suas teorias.

Posso te falar de todas as coisas que vivi,
Mas não me peça para falar de amor, querido
Porque disso eu não vivi nada.

Maria de Beauté

Eu vi você, querido


Nas folhas do meu pensamento
e como um sopro de vento
você se tornou real.
A perfeição embutida em uma capa envelhecida
de um rosto sério por trás
de um homem sem críticas
sem nenhum escape ou pistas,
sem nada que demonstrasse mais.
Mas eu vi você, querido
dentro de olhos negros e grandes
que não escondem no fundo uma alma
que suplanta qualquer perfeição conceitual.
Ahh e quando eu vi não tive dúvidas
era você que procurava
e quem nem esperava encontrar.
Era você, você lá dentro
por baixo de todo aquele tento
um homem que na verdade se faz.
O que mostra o sorriso, o abraço,
O que mostra do sensível um traço
O que não tem medo de se encantar.
Então vendo você, querido
Eu quis embarcar na imperfeição que buscava
fora da normalidade que imaginava
eu quis o você que você escondia.
E tão bem isso fazia que não quis se entregar
preferiu a perfeição humana
imperfeita por não existir
preferiu sentimentos normais
sentimentos normais
sentimentos banais
que não escapam os bom homem certo.
Mas não esqueço, querido
que eu vi você e reconheci
pelas lentes de um sentimento
sei que você também me viu
e disso não vai esquecer.

Maria de Beauté

João e Maria



Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

Sivuca - Chico Buarque

Eu nem sempre sou Maria....

às vezes sou só uma caixa de papelão vazia.

26 de novembro de 2010. 05h da manhã. Aqui está um alguém tentando escrever sobre si. A hora não é apropriada, nem o momento. Essa é uma hora em que as vidas dormem. Acordados estão apenas os sonhos. Nem mesmo a vida virtual parece ter movimento agora. A madrugada é silenciosa e seu silêncio, apesar de pesado, é pacificador.
Refletindo assim chego à conclusão que os sonhos são a melhor parte das nossas vidas. E isso quer dizer que agora mesmo estou perdendo essa melhor parte. Não é tão diferente o que está acontecendo na minha vida real. Na vida que nem sempre é de Maria. Muitas vezes, tenho a impressão que estou perdendo o melhor dela. Deixando de lado o que realmente faz sentido para me dedicar a práticas insalubres como escrever de madrugada.
Sempre tive uma relação muito próxima com a solidão. Gosto de namorá-la. Não tenho problemas em ficar sozinha, quase sempre, até prefiro. Mesmo assim, preciso de pessoas. Preciso de gente ao meu redor para ter dinamismo. A vida só faz sentido quando é compartilhada. Que graça tem ver o brilho da lua sem poder apontá-lo para alguém e exclamar: olha, que linda?! A beleza só existe de fato quando pode ser dividida.
Por ironia do destino estou experimentando meu medo sem sair de casa. A impressão que tenho é que as pessoas se esvaíram de mim. Ou seria eu que me afastei delas? O fato é que estou cansada de conversas de corredor, frases retóricas, contatos superficiais. E acho que as pessoas com quem cruzo estão cada vez mais vazias, assim como eu também estou.
Realmente me sinto como uma caixa de papelão: vazia, frágil, abandonada, voando por aí sem direção. Às vezes serve para colocar sapato, depois para colocar papéis e, depois, para colocar lixo.
No final das contas sinto que tudo está distante, fisicamente ou não. As pessoas que me fazem bem estão longe (mesmo as que estão perto). Perto de mim está tudo hostil, frio, artificial. Definitivamente não sei aonde foi parar o sentido dessa vida. Talvez na distância? Ou na saudade? Não sei. E nem sei se quero achar.
Maria

Súbito Desejo

Marias também se apaixonam.




Na promessa de um olhar
vi o brotar de um desejo
vontade de me encontrar
naquilo que não tinha apreço.
 Na pele o que brota dos poros
chega a mim como cheiro que arrebata
leva embora a lucidez que maltrata
 e me faz cair nos braços quentes da paixão,  ou da ilusão?
 Tomada pelo súbito desejo
de seguir no ardor da emoção
mergulhei na superfície do teu corpo
envolvida em devaneios de prazer.
 O fogo que arde e queima
leva-nos ao êxtase peculiar
dos amantes embriagados
que de lá não querem mais voltar.

 Mas a fria realidade que insiste em retornar
traz de volta o vazio, a estranheza do olhar,
no dia-a-dia corriqueiro
as cinzas de uma lembrança
quem não sai mais da cabeça
amarga angústia me alcança.
 E vendo-te entregar a outra o calor que foi um dia meu
tão mísero e superficial, com um tom que não é mais teu
encaro o gosto nefasto da dor
e sem poder compartilhar
machuca o peito, fere a alma sem cessar.
 De volta ao mundo escuro e lúcido
tento afastar-me desta dor
e em companhias anônimas
procuro um novo calor.
 Sigo em ruas descompostas
desviando do pensar
perseguida pelo cheiro do teu corpo no ar.
E lembro dos momentos
em que o fogo em nós ardia
insisto no desalento
sem saber se me querias.
 No teu olhar a promessa
meu desejo sufocado
pela postura reflexa
que renega o passado.
 Mas no peito escondido
ainda resta uma centelha
daquele fogo bandido
que contigo incendeia.





Maria de Beauté

Sobre este blog

“Nós que não estamos aqui só a passeio...” Temos um árduo caminho a percorrer. Um caminho cheio de altos e baixos, cheio de desafios, de obstáculos, de alegrias e descobrimentos. O caminho leva ao sacrifício que muitas vezes implica em solidão. Mas, envolvidos em uma atmosfera inebriante, buscamos o que nos move: amor, paixões, sonhos... não importa. Iniciamos o processo, seguimos o caminho e ao longo dele nos deparamos com outros que também estão em busca de si. É assim que começamos a dividir, conhecer, acrescentar, compartilhar... experiências, momentos, vidas e prosas.

Maria de Beauté


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