Eu nem sempre sou Maria....

às vezes sou só uma caixa de papelão vazia.

26 de novembro de 2010. 05h da manhã. Aqui está um alguém tentando escrever sobre si. A hora não é apropriada, nem o momento. Essa é uma hora em que as vidas dormem. Acordados estão apenas os sonhos. Nem mesmo a vida virtual parece ter movimento agora. A madrugada é silenciosa e seu silêncio, apesar de pesado, é pacificador.
Refletindo assim chego à conclusão que os sonhos são a melhor parte das nossas vidas. E isso quer dizer que agora mesmo estou perdendo essa melhor parte. Não é tão diferente o que está acontecendo na minha vida real. Na vida que nem sempre é de Maria. Muitas vezes, tenho a impressão que estou perdendo o melhor dela. Deixando de lado o que realmente faz sentido para me dedicar a práticas insalubres como escrever de madrugada.
Sempre tive uma relação muito próxima com a solidão. Gosto de namorá-la. Não tenho problemas em ficar sozinha, quase sempre, até prefiro. Mesmo assim, preciso de pessoas. Preciso de gente ao meu redor para ter dinamismo. A vida só faz sentido quando é compartilhada. Que graça tem ver o brilho da lua sem poder apontá-lo para alguém e exclamar: olha, que linda?! A beleza só existe de fato quando pode ser dividida.
Por ironia do destino estou experimentando meu medo sem sair de casa. A impressão que tenho é que as pessoas se esvaíram de mim. Ou seria eu que me afastei delas? O fato é que estou cansada de conversas de corredor, frases retóricas, contatos superficiais. E acho que as pessoas com quem cruzo estão cada vez mais vazias, assim como eu também estou.
Realmente me sinto como uma caixa de papelão: vazia, frágil, abandonada, voando por aí sem direção. Às vezes serve para colocar sapato, depois para colocar papéis e, depois, para colocar lixo.
No final das contas sinto que tudo está distante, fisicamente ou não. As pessoas que me fazem bem estão longe (mesmo as que estão perto). Perto de mim está tudo hostil, frio, artificial. Definitivamente não sei aonde foi parar o sentido dessa vida. Talvez na distância? Ou na saudade? Não sei. E nem sei se quero achar.
Maria

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Sobre este blog

“Nós que não estamos aqui só a passeio...” Temos um árduo caminho a percorrer. Um caminho cheio de altos e baixos, cheio de desafios, de obstáculos, de alegrias e descobrimentos. O caminho leva ao sacrifício que muitas vezes implica em solidão. Mas, envolvidos em uma atmosfera inebriante, buscamos o que nos move: amor, paixões, sonhos... não importa. Iniciamos o processo, seguimos o caminho e ao longo dele nos deparamos com outros que também estão em busca de si. É assim que começamos a dividir, conhecer, acrescentar, compartilhar... experiências, momentos, vidas e prosas.

Maria de Beauté


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