Velha e Louca
















Pode falar que eu não ligo,
Agora, amigo,
Eu tô em outra,
Eu tô ficando velha,
Eu tô ficando louca.
Pode avisar qu'eu não vou,
Oh oh oh...
Eu tô na estrada,
Eu nunca sei da hora,
Eu nunca sei de nada.
Nem vem tirar
Meu riso frouxo com algum conselho
Que hoje eu passei batom vermelho,
Eu tenho tido a alegria como dom
Em cada canto eu vejo o lado bom.
Pode falar qu'eu nem ligo,
Agora eu sigo
O meu nariz,
Respiro fundo e canto
Mesmo que um tanto rouca.
Pode falar, não importa
O que eu tenho de torta,
Eu tenho de feliz,
Eu vou cambaleando
De perna bamba e solta.
Nem vem tirar
Meu riso frouxo com algum conselho
Que hoje eu passei batom vermelho,
Eu tenho tido a alegria como dom
Em cada canto eu vejo o lado bom.
Mallu Magalhães

Mudança


Certa vez um amigo me disse que a morte (o desencarne) acontece todos os dias, pois a cada dia precisamos morrer um pouquinho para nos desprender dos nossos apegos. Muitas vezes, esquecemos que a vida é efêmera e que tudo o que experimentamos é passageiro. Quando somos obrigados a lembrar, sofremos. Para evitar que isso aconteça, é preciso refletir sobre os pesos desnecessários que podem estar atrasando nosso caminhar, questionando os medos e as dúvidas. Você já parou para pensar que às vezes nós passamos por uma balançada para aprendermos um pouco mais sobre o que vale e o que não vale mais a pena ter na nossa vida? Esse processo não é simples, nem fácil, mas também não é impossível. Como tudo na vida, nossos processos de mudança carecem de tempo para se instalarem. Temos que deixar ir inclusive os resultados de nossos esforços, para que novas forças possam gestar futuros projetos. É chegado o momento de tomar consciência e assumir uma atitude de compromisso consigo, desapegando-se daquilo que não lhe serve mais, daquilo que esteja impedindo seus passos rumo ao crescimento, protegendo apenas o que é mais importante. O que a princípio pode parecer uma perda é na verdade um ganho. Acredite que vale a pena se libertar para deixar nascer um novo tempo.

Amor é pra quem ama


Qualquer amor já é
um pouquinho de saúde
um montão de claridade
contribuição
pra cura dos problemas da cidade
Qualquer amor que vem
desse vagabundo e bobo
coração atrapalhado
procurando o endereço
de outro coração fechado
Amor é pra quem ama
Amor matéria-prima
A chama
O sumo
A soma
O tema
Amor é pra quem vive
Amor que não prescreve
Eterno
Terno
Pleno
Insano
Luz do sol da noite escura
"qualquer amor já é
um pouquinho de saúde
um descanso na loucura"

Lenine

Incontável


O tempo? Deixei de contar
assim como os sonhos perdidos no ar
aqueles traçados pra não realizar.
Os dias, antes tristes sem você,
hoje parecem felizes e pode até ser
que entre os incontáveis dias
eu venha te esquecer.
Quer saber? Aquela tristeza e dor
que restaram do teu falso Amor
já não perturbam o meu interior.
Pelo contrário, eu amadureci
e as lágrimas derramadas por ti
fizeram-me mais forte no que aprendi.
Deixei de contar o instante
que serei triste ou feliz, inconstante
essa é a doçura da vida que escolhi.

Maria de Beauté

III

Ela se entregou mais uma vez. Esqueceu seus medos, dores, decepções e abriu-se como uma rosa em plena primavera. Em cada pétala uma cor e em cada cor, uma história. Algumas inacabadas, outras em construção. Ele bateu até que a porta se abrisse e conseguiu entrar. Não apenas com palavras, mas com gestos sinceros regidos pela vontade latente de dividir sonhos e compartilhar emoções. Os corações deles agora batiam no mesmo ritmo, numa sintonia perfeita com acordes de felicidade. Estavam juntos e sentiam-se juntos, lado a lado. Em cada olhar, em cada toque, em cada beijo, em cada sorriso. Nada mais importava, nem o mundo em suas ilusões defuntas, nem o passado em seus apegos banais. Quando só o coração não era suficiente pra guardar o sentimento, os corpos tentavam expressá-lo em carícias que culminavam no mais puro desejo de fazer o Amor fluir pelos poros, roubando-lhes os sentidos, desconstruindo o concreto, fazendo-os flutuar na imensidão com asas de sonhos. Tinham apenas um ao outro, mas sabiam que nunca estiveram tão completos. 

Todas as cartas de amor...


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)





Álvaro de Campos, 21/10/1935

Poema sem marcador

NARCISO

Quando Narciso mirou-se ao lago
Apaixonou-se por sua imagem
E na ilusão segue cativo
O que se passara comigo?

Narciso não se errou ao lago
Pois via uma paixão presente
Na bela imagem ardente ao espelho
O que sentira em meu desejo?

Narciso viu Narciso ao lago
Com seu olhar apaixonado
E se compraz em seu convívio
O que me enganara ao que vivo?

João

Grande voz feminina I - Wisława Szymborska


AUTONOMIA

Diante do perigo, a holotúria se divide em duas:
deixando uma sua metade ser devorada pelo mundo,
salvando-se com a outra metade.

Ela se bifurca subitamente em naufrágio e salvação,
em resgate e promessa, no que foi e no que será.

No centro do seu corpo irrompe um precipício
de duas bordas que se tornam estranhas uma à outra.

Sobre uma das bordas, a morte, sobre outra, a vida.
Aqui o desespero, ali a coragem.

Se há balança, nenhum prato pesa mais que o outro.
Se há justiça, ei-la aqui.

Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou.

Nós também sabemos nos dividir, é verdade.
Mas apenas em corpo e sussurros partidos.
Em corpo e poesia.

Aqui a garganta, do outro lado, o riso,
leve, logo abafado.

Aqui o coração pesado, ali o Não Morrer Demais,
três pequenas palavras que são as três plumas de um vôo.

O abismo não nos divide.
O abismo nos cerca.




AMOR À PRIMEIRA VISTA


Ambos estão convencidos
que os uniu uma paixão súbita.
É bela esta certeza,
mas a incerteza é mais bela ainda.

Julgam que por não se terem encontrado antes,
nada entre eles nunca ainda se passara.
E que diriam as ruas, as escadas, os corredores
onde se podem há muito ter cruzado?

Gostaria de lhes perguntar
se não se lembram —
talvez nas portas giratórias,
um dia, face a face?
algum “desculpe” num grande aperto de gente?
uma voz de que “é engano” ao telefone?
— mas sei o que respondem.
Não, não se lembram.

Muito os admiraria
saber que desde há muito
se divertia com eles o acaso.

Ainda não completamente preparado
para se transformar em destino para eles,
aproximou-os e afastou-os,
barrou-lhes o caminho
e, abafando as gargalhadas,
lá seguiu saltando ao lado deles.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.

Haverá talvez três anos
ou terça-feira passada,
certa folhinha esvoaçante
de um braço a outro braço.
Algo que se perdeu e encontrou?
Quem sabe se já uma bola
nos silvados da infância?

Punhos de poeta e campainhas
onde a seu tempo o toque
de uma mão tocou o outro toque.
As malas lado a lado no depósito.
Talvez acaso até um mesmo sonho
que logo o acordar desvaneceu.

Porque cada início
é só continuação,
e o livro das ocorrências
está sempre aberto ao meio.
 

 

O TERRORISTA, ELE OBSERVA 

A bomba explodirá no bar às treze e vinte.
Agora são apenas treze e dezesseis.
Alguns terão ainda tempo para entrar;
alguns, para sair.
O terrorista já está do outro lado da rua.
A distância o protege de qualquer perigo.
E, bom, é como assistir a um filme.
Uma mulher de casaco amarelo, ela entra.
Um homem de óculos escuros, ele sai.
Jovens de jeans, eles conversam
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele mais baixo, ele se salvou, sai de lambreta.
E aquele mais alto, ele entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
A moça ali, ela tem uma fita verde no cabelo.
Mas o ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
A moça sumiu.
Era tola o bastante para entrar, ou não?
Saberemos quando retirarem os corpos. Treze e dezenove.
Ninguém mais parece entrar.
Um careca obeso, no entanto, está saindo.
Procura algo nos bolsos e
às treze e dezenove e cinqüenta segundos
ele volta para pegar suas malditas luvas. São treze e vinte.
O tempo, como se arrasta
É agora.
Ainda não.
Sim, agora.
A bomba, ela explode. 

II

Ela construiu uma muralha para defender a sua fragilidade: um coração cheio de feridas que o tempo ainda não sarou, provocadas por sonhos não realizados e pela infelicidade de não ter um Amor.  Ela fechou-se em um casulo e até acreditou que poderia se tornar melhor através da solidão. Mas esqueceu que era humana e, como tal, tinha em sua essência a necessidade de sentir. E essa foi a brecha que ele precisava para entrar em seu mundo. O coração dele era ainda mais calejado. Sentiu na pele a amargura dos beijos falsos, dos olhares indiferentes, das palavras cruéis. Mesmo assim, ele acreditava num tal Amor verdadeiro e numa tal felicidade que ela só conhecia nos sonhos. Ela preferia sonhar a viver. Ele insistia que era possível sonhar, viver e realizar. Ele a assustava com suas estranhas manias, mas a conquistava com a sua coragem. Aos poucos, ela foi se acostumando aos carinhos dele, já não era mais tão arredia às suas palavras, permitiu-se expressar algumas emoções. Os corações deles passaram a bater no mesmo ritmo e logo estavam sonhando juntos. Ela estranhou quando percebeu que estava trazendo os planos para a vida real: eles caíram tentação de planejar e, apesar dos medos, já não podiam voltar atrás.

A última lágrima

Essa é a última lágrima que derramo por ti.

A última lágrima que cai dos meus olhos
pela lembrança dos teus beijos, dos teus abraços,
do teu sorriso e do teu olhar.
É a última lágrima que derramo
por quem nunca soube me amar.

Pois hoje sei que em teus olhos o sonho que vi
só existia na minha cabeça e só assim
pude compreender porque chegou ao fim.

Agora sei que o meu lamento
nunca chegou aos teus ouvidos,
como aqueles momentos,
nunca chegaram ao teu coração.

O único sentimento que existia
era a tua falsidade crua e fria
desprovida de qualquer emoção.

Essa é a última lágrima que derramo por ti.

E sei, amado, que não vou mais sofrer
pois não posso padecer por alguém
que, por seus motivos,
não pode me ter.

Ainda que arda em meu peito
a dor de ver partir
não sentirei mais falta
do Amor que não houve em ti.

E aquelas lembranças
esconderei no fundo da memória
até que um dia, quem sabe, possam ir embora
assim como foste, querido, para nunca mais voltar.

E toda vez que as lágrimas voltarem aos meus olhos
lembrarei que foi falso o teu Amor, foi ilusório
não valeu a pena sofrer por te amar.

Maria de Beauté





Viciados

Não quero ser mais do que sou
não desejo o intocável
não pretendo o impossível
apenas percorro trôpega
o caminho traçado à minha frente.
E nesse caminho tropeço
caio e recomeço,
esbarro nos ébrios
desorientados pelo amor
que desesperados
procuram uma saída para a sua dor.
E esses viciados
não conhecem a direção
mas preferem perder-se em desvios
do que caminhar na solidão.  

Maria de Beauté

Alimente a chama


Não precisa acreditar,

muito menos entender
sentir é a forma mais sincera
que você pode me ter.
Não deseje o impossível
do que pode acontecer
apenas alimente a chama
para que ela possa te aquecer.
E se um dia ela apagar
não chegue a entristecer,
pois o calor dado a você
será impossível de esquecer.
Enquanto ela não morre
aproveite o seu ardor
quem sabe ela não cresça
com a doçura do seu Amor?


Maria de Beauté

I


Penetrando as lentes embaçadas da timidez, o negro marcado dos olhos dela mergulhou nos seus indefesos cor de mel e com o calor de uma brasa ardente derreteu as trancas do seu coração. Embaixo da capa antiquada, ela descobriu uma usina de sonhos alimentada pela ilusão, que se mantinha produtiva apesar da realidade. Os lábios vermelhos dela riam-se da inocência das palavras dele que, apesar de belas, eram frágeis demais. Indiferente ao seu descrédito, ele ocupava-se de aproveitar a oportunidade de ser, para ela, algo mais que superficial. Indiferente ao esforço, ela ocupava-se de expor as falhas dos seus planos e de destruir o castelo de cartas ilusórias em que ele depositou sua crença na felicidade. Os calos do coração dele fizeram-no querer lutar por um amor verdadeiro. Os calos do coração dela fizeram-na costumar-se à amargura da solidão. Enquanto ele adoçava a sua vida com poesias, ela embriagava-se com o fel da desilusão, enquanto ele a presenteava com gestos apaixonados, ela o agredia com uma sinceridade impiedosa. Com pétalas de rosas ele toca seu corpo, com os espinhos ela faz do prazer uma diversão passageira. Ele a encanta, ela o seduz, ele sonha e ela o acorda, ele quer a luz do dia e ela a noite perigosa, ele quer o altar e ela quer a cama. Ele quer a certeza do amanhã e ela a intensidade do agora.


Maria

Menina da Lua

Eu toquei a felicidade


Ao pegar uma estrada sem destino
e não ter medo de chegar.
Ao sentir o vento sussurrando no ouvido
uma canção pra me alegrar.

Ao olhar para o céu e ver
o bordado das estrelas na noite quente,
ao sentir a emoção e o frio na barriga
pedindo pra seguir em frente.

Ao ver gente simples de pé no chão,
plantando aquilo que come
e colhendo com as próprias mãos.
Gente rica em Fé e em gratidão
dando tudo de si com o coração.

Toquei a felicidade

ao ver o sol se por em muitos lugares
ao ver o sol se por na minha terra.
Pousando vagarosamente sobre os cocais,
tingindo o céu de vermelho, dourado e lilás.

Toquei a felicidade, senti a felicidade
mas dessa vez tive a coragem
de lembrar que estava ali só de passagem.

Maria de Beauté

Alados


Uma lagarta se escora sobre uma folha verdinha
Depois que come todinha, deixa o talo e vai embora
Quando sente que é a hora de fazer meditação
Se vira em adivinhão e dependurada demora
Se transforma e vai embora, encantada e feminina
Borboleta bailarina, ninfa da brisa e da flora
Numa noite escura, criaturinhas que vagam
Luz ascendem, luz apagam, aqui, ali, acolá
Transformando o jatobá numa árvore natalina
Brilhantes de pela fina no pescoço de Iaiá
Riscando pra lá, pra cá, sem som, sem rosto e perfume
Pirilampo vaga-lume, mosca de fogo auá
Balançando em suspensão, de fuzil engatilhado
Vai e vem desconfiado tarimbado em traição
Na ponta do seu ferrão o gume da baioneta
O fogo da malagueta e a quentura de um tição
Mestre cavalo-do-cão, tranca a rua e traiçoeiro
Marimbondo fuzileiro do quartel de papelão

Siba e Fuloresta

A Catedral


Direção: Tomasz Baginski, baseado no conto de Jacek Dukaj

Frenesi


A felicidade corre sem parar
bela é uma cidade velha
Na velocidade, a tarde leva o teu olhar
longe descansar na estrela

E um corpo passa por mim
água do rio na areia
Adormecendo assim, esta pedra em mim
e meu leito clareia

Fosse paixão, frenesi
Doce ilusão, moça bela
A solidão mora aqui e a cidade é sem fim
Qual a tua janela

Tudo igual, tal e qual fosse paixão
Tudo igual, tal e qual fosse paixão

Petrucio Maia, Fausto Nilo e Ferreirinha

Inconstância


Procurei o amor, que me mentiu. 
Pedi à vida mais do que ela dava; 
Eterna sonhadora edificava 
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu, 
E tanto beijo a boca me queimava! 
E era o sol que os longes deslumbrava 
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer... 
Atrás do sol dum dia outro a aquecer 
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo 
É igual a outro amor que vai surgindo, 
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca



Do Livro de Sóror Saudade


FUMO

Longe de ti são ermos os caminhos,

Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos

Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...

Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!

E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca


Composição de Raimundo Fagner sobre o poema "Fumo"

Tome posse de si


Não espere que te procure
Não espere que eu vá atrás de você
Não, eu não gosto de fingir que me importo.

Não teste o meu sentimento
Não ponha à prova o que eu te dou
Eu não gosto dessa imposição
De ter que me mostrar pra te merecer.

Eu não vou te procurar,
Não vou querer saber onde você está
Nem mesmo onde você foi.

Eu não gosto de sentimentos forçados
Você é livre e tem o direito
de me amar e ficar por perto
Ou de me amar e mesmo assim partir.

Maria de Beauté

Instável


O meu destino
É cheio de curvas perigosas
Muda de rota de repente
e me deixa à mercê do acaso.

A minha vida
Não tem roteiro determinado
Em meio às cenas
Eu improviso
E me convenço de que sou
Quem gostaria de ser.

O meu coração
Ah! Esse mesmo é areia movediça
Firmado em terreno instável.
Hora quer o Amor que possui
Hora renega o seu próprio sentido.

Maria de Beauté

Perto e distante


Quem garante
Que o que você é
É o que o outro espera de você?
Distante
O que você me diz do que eu sinto
Não sei porque.

Quem garante
Que o que você é
É o que o outro espera de você?
Distante
O que você me diz do que eu sinto
Não sei porque.

Quem garante
Que seguindo adiante eu possa enfim viver?
Sem me comparar
Sem entristecer
Sem tentar mudar
Sem poder entender.
Não dá
Eu vou ter que sair pra poder voltar.

Me ver
Me achar
No seu olhar
Pra entender o que é o gostar.

Me ver
Me achar
No seu olhar
Pra entender o que é o gostar.

Quem garante
Que o que você é
É o que o outro enxerga?

Tiê, Pedro Granato e Plinio Profeta

Disritmia

Meu coração bate acelerado
Desde que sentiu inveterado
Seu cheiro tão mais perto de mim.
Milhões de quilômetros já não nos separam
Sinto você pelas esquinas
Sua quase presença me acorda.
Meus pés tocam a superfície dos sonhos
que estranhamente se tornaram reais
tento controlar a disritmia
que dentro do meu peito se desfaz.
Mas sei que o momento está próximo
Preciso manter a serenidade
E depois de um sono profundo
Despertar com Amor
Para a felicidade.

Maria de Beauté  



Sobre este blog

“Nós que não estamos aqui só a passeio...” Temos um árduo caminho a percorrer. Um caminho cheio de altos e baixos, cheio de desafios, de obstáculos, de alegrias e descobrimentos. O caminho leva ao sacrifício que muitas vezes implica em solidão. Mas, envolvidos em uma atmosfera inebriante, buscamos o que nos move: amor, paixões, sonhos... não importa. Iniciamos o processo, seguimos o caminho e ao longo dele nos deparamos com outros que também estão em busca de si. É assim que começamos a dividir, conhecer, acrescentar, compartilhar... experiências, momentos, vidas e prosas.

Maria de Beauté


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