Só mais uma sem sentido

Hoje acordei com uma saudade enorme de coisas que já estavam fracas na memória, mas a saudade as reacendeu como toda força e agora elas estão aqui latentes, fervendo na minha cabeça. Tive saudade do frio na barriga que me dava todas as vezes que ia arrumar a mala para viajar. Sempre fazia uma lista antes para não esquecer nada. Colocava cada peça de roupa na bolsa, pensando na melhor ocasião para usá-las. Ficava feliz de ver a mala fechada e dizer: tudo pronto. Fingia que ia dormir tranquilamente até a hora do meu vôo. Mentira! Eu nunca conseguia dormir. Minha cabeça não parava um segundo, mil pensamentos pairando, projeções de tudo de bom que ia acontecer. Mas eu ficava lá, deitada, tentando convencer a mim mesma que estava tudo bem. Mas desde que sabia que ia viajar meu coração não batia do mesmo ritmo, era uma aceleração frenética que fazia as mãos suarem só de imaginar o encontro. Mas era tão gostoso que não eu deixava de pensar um só minuto. Ficava repetindo a cena na memória até que ela se concretizasse. E com esse mesmo frio na barriga eu ia ao aeroporto, sozinha, muito tempo antes do vôo. Entrava no avião com a grata certeza de que iria ser feliz, perto das nuvens e não sentia medo, só excitação de estar voando para perto do amor. Como as estrelas brilhantes no céu anunciavam, eu estive lá perto de você para viver todo o sentimento guardado no meu peito. Todo o sentimento que ficou aqui no cantinho até que pudesse explodir e encher tudo a minha volta de alegria. Hoje senti uma saudade inexplicável. Uma saudade forte, mas doce. Que não machuca meu peito como antes. O sentimento suave que me leva aos bons momentos, àqueles onde a felicidade brilhava nos olhos, àqueles onde a pele ardia de tanta alegria, àquele onde o sorriso era espontâneo e grato. A saudade dos momentos em que os cheiros se confundiam entre os corpos e onde nada mais importava no mundo. Os momentos onde eu quis ter o poder de congelar o tempo, os momentos onde eu queria saber o que é a eternidade. 

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Sobre este blog

“Nós que não estamos aqui só a passeio...” Temos um árduo caminho a percorrer. Um caminho cheio de altos e baixos, cheio de desafios, de obstáculos, de alegrias e descobrimentos. O caminho leva ao sacrifício que muitas vezes implica em solidão. Mas, envolvidos em uma atmosfera inebriante, buscamos o que nos move: amor, paixões, sonhos... não importa. Iniciamos o processo, seguimos o caminho e ao longo dele nos deparamos com outros que também estão em busca de si. É assim que começamos a dividir, conhecer, acrescentar, compartilhar... experiências, momentos, vidas e prosas.

Maria de Beauté


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