Eu
fiz de tudo para não chorar, mas aquele nó amargo desatou no meu peito e as lágrimas
quentes desceram pelo meu rosto. Uma velha conhecida veio me visitar, mas me
desesperei como se fosse uma estranha. A solidão chegou silenciosa e sem
avisos, trouxe-me um convite para passear por minhas piores lembranças. Não
tive escolhas. Num minuto estava de volta ao quarto escuro, encolhida no fundo
da cama, como uma menina assustada. Nada atravessava aquele silêncio mortífero.
A falta de ar esmagava os pulmões. Os calos do meu coração não o deixaram tão
forte quanto eu imaginava, parece que este é um músculo que funciona ao contrário.
Revivi os traumas, lembrei como é amargo olhar em volta e enxergar o nada e
tive a certeza de que não queria estar ali. Foi quando percebi que há momentos
em que as lágrimas são tão voláteis quanto inúteis. Antes de me afogar na solidão
tive a chance de olhar para trás com os olhos da experiência e enxergar o
caminho que devia percorrer. E, apesar do medo e do desespero, soube que aquele não era mais o meu lugar.
Maria
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