Frio na barriga. A expressão não define a sensação. Para mim, é algo mais como cócegas internas, suspiros da alma, um agradecimento do corpo pela leveza do coração. Mas essa sensação é tão boa quanto rara. A correria insana da vida nos obriga a atropelar os sentidos, a nossa percepção se condiciona ao prático e, assim, deixamos de sentir. O tempo passa e nos tornamos frios, grosseiros, esvaziados. E cada vez menos somos capazes de nos admirar, de respirar profundamente, de enxergar a beleza de uma flor, de perceber o encanto de um olhar. A nossa alma anseia e não sabemos o quê. Felizmente, vez ou outra, esbarramos com pessoas que nos fazem despertar: com um sorriso, uma palavra, um gesto. Algo que nos toca e resgata a nossa humanidade. Frio na barriga, obrigada por existir.
Maria de Beauté